segunda-feira, 18 de junho de 2012

Encenação

Vem assistir a esta encenação de personagens irreais, aquelas que vou criando para me afastar de ti que te aproximas e te sentas na primeira fila. Eis-me aqui perante o público, onde somente tu te encontras em todos os lugares e em lado nenhum.
Virás certamente e eu subirei ao palco para mais um monólogo de improvisos e de distâncias, pois aqui os cenários são apenas cenários, nada mais que vulgares representações da realidade que te apresento. Essa realidade que tem a duração de uma noite desigual. Vem assistir a esta peça onde os sentimentos são de barro e de água, onde os recrio sempre que me vou moldando a um novo papel. Porque o que sinto agora tem a duração do presente, acrescentado ao passado e diminuído ao devir das esquinas das ruas da vida.
Vem e eu ressurgirei envolta em luzes fingidas, aquelas que me revelam despida de mim e vestida de todas as personagens que em mim ganham existência. Apresento-me uma vez mais como se não te conhecesse e levo-te a acreditar que tenho cheiro de pôr-do-sol, quando em mim se passeiam aromas de tristezas amordaçadas.
E no fim de toda esta encenação, as luzes apagam-se, o pano cai e tu baterás palmas e chamar-me-ás pelo nome.

1 comentário:

  1. Muito bom,gostei,fico na expetativa de uma nova encenação....para ti, a minha salva de palmas de espetadora convidada

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