Cubro-me
com todas as palavras que nunca escrevi
e as
que nunca me escreveram.
Deito-me,
queda, de tal forma silenciosa
que
nem eu ouço o peso imenso do silêncio.
No
chão morrem desenhos que a mente
delineou.
Morrem memórias e sonhos.
Cerro
os olhos. Interrogo-me sobre a possibilidade
de
dormir todo o Inverno.
O
sono chega devagar. Um sono piedoso,
que
me beija as pálpebras e os cansaços.
Penetro
na infinitude de mundos
que
habitam a perfeição do onírico.
Abandono
o corpo morto. Abandono
as
palavras que nunca escrevi.
Abandono também as que nunca me escreveram.
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