sábado, 7 de julho de 2012

Robot

O firmamento. Os meus olhos fixos nele não me deixam olhar para mais nada. As pessoas cruzam-se comigo nos corredores das ruas, embatem-se, lutam entre si. Entre elas e eu existe apenas um pequeno espaço de ficção. A mera ilusão das vidas.
Deixo o céu e miro os olhares cruzados. Tento imaginar-me naquela pele, naquele corpo, a ter os mesmos pensamentos inoportunos... deixo-me levar pela fantasia e embarco com o vento nas muralhas do olhar.

Viver uma vida de outro alguém. Não é isso que tentamos fazer constantemente? Viver o que não somos, o que não fizemos, o que não temos. Viver segundo o que os outros pretendem que sejamos. Viver perante o que a Sociedade espera de nós. Viver hipocritamente. Não viver, é sobreviver.
Opto por continuar a olhar para o Paraíso. Sorrindo. Escuto uma melodia qualquer que me faz perder na imaginação outra vez. E sonho com a pureza e honestidade de olhares. Apago da memória o cinismo do dia-a-dia. Primo o botão delete e esqueço que aqueles olhares inexpressivos são apenas o espelho das máquinas em que nos tornámos.

Sentir... não é permitido ao Robot sentir!

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