sábado, 23 de junho de 2012

Alma

Que me importa que esta casa viva de fantasmas, que tudo não passe do que um dia foi, que as paredes sussurrem entre si abrindo fendas como se quisessem recordar-me que até elas mudam com o tempo?
Tive asas e voei, voei tão alto que jurei abraçar todo o firmamento, como uma gaivota em voo planado olhando, indiferente, as ondas do mar. Como me pode importar agora um horizonte longínquo e um frio cortante no abandono deste cais?
Fui eu mesma numa descoberta profunda de mim, num toque de pele. Experimentei a liberdade e a libertação! Que me importa agora a clausura? Que me importa já não saber de mim?
O que pode, afinal, amargurar um coração que não cabe em si, uma alma inquieta, atenta, palpitante… refugiada em subterfúgios? A minha alma… Uma alma latente, que ri enquanto sangra derramada pelo chão.

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